Motoristas de ônibus x Mobilidade
urbana
O que nós motoristas de ônibus podemos
fazer em prol da mobilidade urbana em nossas cidades? Vamos fazer uma breve
análise sobre essa questão?
Um dos maiores desafios que as
autoridades de trânsito das cidades do nosso país enfrentam para melhorar a
mobilidade diz respeito à educação dos condutores de modo geral, pessoas que
muitas das vezes, não tem nenhum preparo emocional ou prático, colocando na
direção de seus veículos todas as suas frustrações diárias, a falta de
conhecimento das leis de trânsito e do seu próprio veículo, fazendo o trânsito se
tornar cada dia mais violento, caótico e por que não dizer, desumano! Levando
em consideração que os condutores “amadores”
que, como o nome já diz, não têm o conhecimento técnico sobre mobilidade urbana
(mas que deveriam ter segundo o CTB já
que obrigatoriamente também passaram por aulas teóricas e práticas),
são maioria em nossas ruas, avenidas e
rodovias, e cabe a nós motoristas profissionais,
a responsabilidade de tomar as atitudes mais corretas possíveis quanto à
segurança e mobilidade do trânsito em geral. Não estou aqui de maneira nenhuma defendendo
os governos (municipal, estadual e federal), pois sei que uma grande parcela de
culpa à falta de mobilidade urbana recai sobre eles, não fazendo o que é de
responsabilidade deles fazerem. O problema em questão é que, já que eles
(Governos) não fazem muita coisa pra melhorar a nossa vida diária, cabe a nós
nos anteciparmos e fazermos nossa parte.
Vou dar
alguns exemplos:
Não adianta nós reclamarmos dos
engarrafamentos que se instalam próximos aos pontos de ônibus mais movimentados
de nossa cidade e quando chega a nossa vez de pararmos no ponto, simplesmente paramos
fora da baia, isso é uma tremenda de uma hipocrisia.
Vejam essas fotos que retirei do site Google
maps, elas ilustram mais ou menos o que estou dizendo:
Ônibus embarcando passageiros fora da
baia do ponto na AV. Brasil (sentido zona Oeste) altura de Ramo RJ.
Ônibus parado fora da baia do ponto na Av. Brasil (sentido
centro) em frente à passarela caracol – altura de Ramos RJ.
As fotos mostradas anteriormente
foram tiradas pelo pessoal da Google em horários mais tranqüilos, porém más
atitudes como essas cometidas em horários de “rush” causam um verdadeiro nó em
nossas cidades, sejam elas quais forem, pois isso não acontece só no Rio de
Janeiro, acontecem em todas as médias e grandes cidades do Brasil. Se nós
motoristas de ônibus entendêssemos que essas atitudes incorretas afetam
milhares e milhares de pessoas diariamente e decidíssemos mudar, com certeza as
coisas mudariam para melhor. Está em nossas mãos!
Não adianta ficarmos em “rodinhas”
de amigos nos pontos finais das linhas ou nas garagens reclamando da vida sem
procurar fazer algo pra mudar efetivamente essa situação. Se no meio de 100
motoristas 10 decidissem mudar, já seriam 10% de melhorias no trânsito, vocês
não acham? Agora, imaginem se essa porcentagem fosse maior? Pra isso precisamos
ser agentes multiplicadores. Quer um
exemplo de como começar a mudança em prol da mobilidade coletiva?
Vamos lá:
Quando você amigo motorista de
ônibus for parar em um pondo para embarcar ou desembarcar um passageiro,
encoste o ônibus o máximo possível dentro da baia alinhando-o com o meio-fio,
pois a baia foi feita exatamente pra que a via não fique interditada durante os
segundos ou minutos que o ônibus ficará parado no ponto, sem contar que o
degrau de um ônibus é alto e parando mais próximo ao meio-fio facilita o
passageiro e evita acidentes como quedas por exemplo. Se o ponto for pequeno (que é uma das minhas principais críticas aos
governos sobre a causa de engarrafamentos, pois deveriam sim fazer pontos maiores
para melhorar a mobilidade nesses locais), espere o mais próximo possível à
direita, aguardando a fila de ônibus andar para você poder encostar. Outra
coisa, se o ponto estiver vazio, pare lá no final dele facilitando que outros
ônibus encostem atrás, evitando abalroamentos desnecessários (sei que isso é um pouco chato devido à
reclamação dos passageiros, mas eles precisam entender que o ponto de ônibus é
apenas uma referência pra eles descerem e não pra ficarem na porta de suas casas,
trabalhos etc..., na verdade falta um pouco de respeito e educação por parte
deles também, criou-se uma cultura errada em relação ao embarque e desembarque,
mas com paciência poderemos mudar isso também.). Outra hora eu falo sobre
passageiros também aqui no blog. rsrs...
Vejam esses 2 exemplos de mau uso da baia de um ponto de
ônibus:
Esses colegas das imagens
mostradas deveriam ter parado mais próximo do fim da baia dos pontos mostrados
como exemplo, essas fotos foram tiradas em horários tranqüilos de pouco
tráfego, se fosse à hora do “rush”
vocês veriam as conseqüências que essas “pequenas
atitudes” erradas causariam ao trânsito.
Como eu disse anteriormente, não
adianta reclamarmos dos outros se cometemos as mesmas idiotices que eles. Mude você!
Sei que muitos vão dizer: “Ah
Waguinho, vai dizer que você nunca fez isso na direção de um ônibus?”, eu vou responder: é claro que sim! Nunca
me coloquei como um cara perfeito, mas como ser pensante que sou, tive o
trabalho de pesquisar mais sobre a profissão da qual eu vivo, sobre os impactos
que ela causa a população (tanto os bons quanto
os ruins) e decidi mudar minha postura (mesmo
continuando sendo imperfeito). Vejo pessoas reclamando que as empresa onde
trabalham não investem em cursos de capacitação etc etc., mas não precisamos necessariamente
que alguém nos coloque em sala de aula para falar sobre, direção defensiva, legislação,
meio ambiente, relação interpessoal etc etc etc..., quando queremos melhorar
nossa conduta procuramos aprender usando outros meios como: ler revistas,
buscar sites na internet que falam sobre esses assuntos (como blogs por exemplo), até em boas conversas sobre o assunto com
colegas mais experientes aprendemos coisas novas. É uma pena que quando é pra
falar de futebol que rolou no domingo todos sabem de “có e salteado” a escalação do seu time do coração, mesmo isso não
acrescentando em nada em suas vidas, daí quando chega no dia seguinte na 2ª
feira pegam na direção dos seus “brutos”
e repetem as mesmas idiotices que já cometiam antes, no seu dia-a-dia.
Quem quer se qualificar se
qualifica, mesmo que não seja em forma de “certificados”
dados por instituições autorizadas, mas quem procura conhecimento, acha. Desculpas
como: “eu não tinha conhecimento”, “ninguém me ensinou isso”, não colam
mais.
Eu, Waguinho, tenho 34 anos e
apenas o ensino fundamental concluído (porém
pretendo retomar os estudos e quem sabe chegar a uma faculdade), mas não
deixo de procurar aprender sobre tudo que tenho vontade, mais ainda, sobre
minha profissão, que cada dia está sendo mais desvalorizada. Acredito que a
maiorias da empresas não querem ver seus motoristas inteligentes, pois pessoas
inteligentes são mais difíceis de dominar.
Eu sei que essa mensagem não irá
alcançar a quantidade de pessoas que eu gostaria que alcançasse, mas se eu
conseguir alcançar uma pessoa apenas e essa pessoa decidir mudar e fazer a
diferença no meio do transportes me dou por satisfeito.
Um abraço a todos...
Waguinho Guitar
Motorista Rodoviário
por profissão...
Pensador por
convicção...



