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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

motoristas de ônibus x mobilidade urbana

Motoristas de ônibus x Mobilidade urbana

O que nós motoristas de ônibus podemos fazer em prol da mobilidade urbana em nossas cidades? Vamos fazer uma breve análise sobre essa questão?
Um dos maiores desafios que as autoridades de trânsito das cidades do nosso país enfrentam para melhorar a mobilidade diz respeito à educação dos condutores de modo geral, pessoas que muitas das vezes, não tem nenhum preparo emocional ou prático, colocando na direção de seus veículos todas as suas frustrações diárias, a falta de conhecimento das leis de trânsito e do seu próprio veículo, fazendo o trânsito se tornar cada dia mais violento, caótico e por que não dizer, desumano! Levando em consideração que os condutores “amadores” que, como o nome já diz, não têm o conhecimento técnico sobre mobilidade urbana (mas que deveriam ter segundo o CTB já que obrigatoriamente também passaram por aulas teóricas e práticas), são  maioria em nossas ruas, avenidas e rodovias,  e cabe a nós motoristas profissionais, a responsabilidade de tomar as atitudes mais corretas possíveis quanto à segurança e mobilidade do trânsito em geral. Não estou aqui de maneira nenhuma defendendo os governos (municipal, estadual e federal), pois sei que uma grande parcela de culpa à falta de mobilidade urbana recai sobre eles, não fazendo o que é de responsabilidade deles fazerem. O problema em questão é que, já que eles (Governos) não fazem muita coisa pra melhorar a nossa vida diária, cabe a nós nos anteciparmos e fazermos nossa parte.

 Vou dar alguns exemplos:

Não adianta nós reclamarmos dos engarrafamentos que se instalam próximos aos pontos de ônibus mais movimentados de nossa cidade e quando chega a nossa vez de pararmos no ponto, simplesmente paramos fora da baia, isso é uma tremenda de uma hipocrisia.
 Vejam essas fotos que retirei do site Google maps, elas ilustram mais ou menos o que estou dizendo:


                Ônibus embarcando passageiros fora da baia do ponto na AV. Brasil (sentido zona Oeste) altura de Ramo RJ.







Ônibus parado fora da baia do ponto na Av. Brasil (sentido centro) em frente à passarela caracol – altura de Ramos RJ.




As fotos mostradas anteriormente foram tiradas pelo pessoal da Google em horários mais tranqüilos, porém más atitudes como essas cometidas em horários de “rush” causam um verdadeiro nó em nossas cidades, sejam elas quais forem, pois isso não acontece só no Rio de Janeiro, acontecem em todas as médias e grandes cidades do Brasil. Se nós motoristas de ônibus entendêssemos que essas atitudes incorretas afetam milhares e milhares de pessoas diariamente e decidíssemos mudar, com certeza as coisas mudariam para melhor. Está em nossas mãos!   
Não adianta ficarmos em “rodinhas” de amigos nos pontos finais das linhas ou nas garagens reclamando da vida sem procurar fazer algo pra mudar efetivamente essa situação. Se no meio de 100 motoristas 10 decidissem mudar, já seriam 10% de melhorias no trânsito, vocês não acham? Agora, imaginem se essa porcentagem fosse maior? Pra isso precisamos ser agentes multiplicadores. Quer um exemplo de como começar a mudança em prol da mobilidade coletiva?

Vamos lá:

Quando você amigo motorista de ônibus for parar em um pondo para embarcar ou desembarcar um passageiro, encoste o ônibus o máximo possível dentro da baia alinhando-o com o meio-fio, pois a baia foi feita exatamente pra que a via não fique interditada durante os segundos ou minutos que o ônibus ficará parado no ponto, sem contar que o degrau de um ônibus é alto e parando mais próximo ao meio-fio facilita o passageiro e evita acidentes como quedas por exemplo. Se o ponto for pequeno (que é uma das minhas principais críticas aos governos sobre a causa de engarrafamentos, pois deveriam sim fazer pontos maiores para melhorar a mobilidade nesses locais), espere o mais próximo possível à direita, aguardando a fila de ônibus andar para você poder encostar. Outra coisa, se o ponto estiver vazio, pare lá no final dele facilitando que outros ônibus encostem atrás, evitando abalroamentos desnecessários (sei que isso é um pouco chato devido à reclamação dos passageiros, mas eles precisam entender que o ponto de ônibus é apenas uma referência pra eles descerem e não pra ficarem na porta de suas casas, trabalhos etc..., na verdade falta um pouco de respeito e educação por parte deles também, criou-se uma cultura errada em relação ao embarque e desembarque, mas com paciência poderemos mudar isso também.). Outra hora eu falo sobre passageiros também aqui no blog. rsrs...

Vejam esses 2 exemplos de mau uso da baia de um ponto de ônibus:





Esses colegas das imagens mostradas deveriam ter parado mais próximo do fim da baia dos pontos mostrados como exemplo, essas fotos foram tiradas em horários tranqüilos de pouco tráfego, se fosse à hora do “rush” vocês veriam as conseqüências que essas “pequenas atitudes” erradas causariam ao trânsito.
Como eu disse anteriormente, não adianta reclamarmos dos outros se cometemos as mesmas idiotices que eles. Mude você!

Sei que muitos vão dizer: Ah Waguinho, vai dizer que você nunca fez isso na direção de um ônibus?”, eu vou responder: é claro que sim! Nunca me coloquei como um cara perfeito, mas como ser pensante que sou, tive o trabalho de pesquisar mais sobre a profissão da qual eu vivo, sobre os impactos que ela causa a população (tanto os bons quanto os ruins) e decidi mudar minha postura (mesmo continuando sendo imperfeito). Vejo pessoas reclamando que as empresa onde trabalham não investem em cursos de capacitação etc etc., mas não precisamos necessariamente que alguém nos coloque em sala de aula para falar sobre, direção defensiva, legislação, meio ambiente, relação interpessoal etc etc etc..., quando queremos melhorar nossa conduta procuramos aprender usando outros meios como: ler revistas, buscar sites na internet que falam sobre esses assuntos (como blogs por exemplo), até em boas conversas sobre o assunto com colegas mais experientes aprendemos coisas novas. É uma pena que quando é pra falar de futebol que rolou no domingo todos sabem de “có e salteado” a escalação do seu time do coração, mesmo isso não acrescentando em nada em suas vidas, daí quando chega no dia seguinte na 2ª feira pegam na direção dos seus “brutos” e repetem as mesmas idiotices que já cometiam antes, no seu dia-a-dia.

Quem quer se qualificar se qualifica, mesmo que não seja em forma de “certificados” dados por instituições autorizadas, mas quem procura conhecimento, acha. Desculpas como: “eu não tinha conhecimento”, “ninguém me ensinou isso”, não colam mais.

Eu, Waguinho, tenho 34 anos e apenas o ensino fundamental concluído (porém pretendo retomar os estudos e quem sabe chegar a uma faculdade), mas não deixo de procurar aprender sobre tudo que tenho vontade, mais ainda, sobre minha profissão, que cada dia está sendo mais desvalorizada. Acredito que a maiorias da empresas não querem ver seus motoristas inteligentes, pois pessoas inteligentes são mais difíceis de dominar.
Eu sei que essa mensagem não irá alcançar a quantidade de pessoas que eu gostaria que alcançasse, mas se eu conseguir alcançar uma pessoa apenas e essa pessoa decidir mudar e fazer a diferença no meio do transportes me dou por satisfeito.

Um abraço a todos...

Waguinho Guitar     
      
Motorista Rodoviário por profissão...


Pensador por convicção...

3 comentários:

  1. Teve um dia q vi motoristas dando embarque no vão central, na pista da direita das carretas, num deu tempo de clicar

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  2. Pode ter certeza de que você está plantando a semente. Uma coisa que me incomoda demais nos ônibus (e acho que por isso muita gente prefere dirigir o seu carro, por mais estressante que seja) é a falta de suavidade no uso do freio e da embreagem. O sujeito vem a 80 km/h e quer meter o pé no freio pra parar em 20 metros. Conseguiu parar? O passageiro embarcou ou desembarcou? Agora ele coloca a 1ª marcha (antigamente saiam de 2ª mesmo, se bem que nos rodoviários da Scania continuam fazendo isso), aceleram até 2.000 rpm e soltam a embreagem de uma vez. Amigo, não tem pescoço que resista a isso. Eu admiro a suavidade com que os ônibus rodoviários são conduzidos e me esforço ao máximo para dirigir o meu carro com a mesma suavidade.

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  3. Boa, tudo isso que tu descreveu aí waguinho, eu ja cansei de falar pra colegas, mas o problema é que muitos tem medo de perder o emprego, então, se tu não parar no fim do ponto, deixando espaço pro ônibus que vem atras, tu vai passar do passageiro que está parado e ele vai reclamar, tu vai explicar e ele vai concluir com a velha frase, "vou ligar pra tua empresa e reclamar"... não pegar ou largar fora do ponto, a mesma coisa, o passageiro, na próxima vez que pegar contigo, vai te cobrar por ter "deixado ele", aí o motorista, pra não viver se incomodando com passageiro e não correr o risco de ser demitido ou simplesmente ser chamado atenção pela empresa, por tantas reclamações, acaba fazendo isso tudo. As empresas não ajudam, e te cobram sim, e apoiam pegar passageiros no meio da rua, infelizmente isso acontece. Eu sou um que tento o máximo possível não parar fora dos pontos, mas as vezes faço, muito raro, mas já tenho feito. não acho certo e não gosto. por isso já tem o ponto do ônibus, e já me incomodei muito e me incomodo até hoje com passageiro, e vou continuar assim, tentando fazer o mais correto possível. Eu também não acho legal, o que o amigo Adelmo citou acima quanto as arrancadas e freadas bruscas, não tem porque fazer isso, além de causar desconforto aos passageiros e o cobrador, fui cobrador e sei que é horrível, tu estar sentado ali e ter que estar se agarrando pra não ficar dando "pinotes" por causa do motorista, isso causa danos ao veículo, eu arranco e freio o mais suave possível, e me cobro bastante pra fazer certo sempre, embora que as vezes a gente acaba errando, mas não podemos relaxar, somos motoristas profissionais e temos que fazer certo. Um abraço.

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